Quase 18 horas de um sábado com calor beirando os 40 graus na Praia de Peracanga, em Guarapari. Em frente ao Taikô, um grupo se aglomera para entrar no clube, considerado o “mais badalado” da região. Lá dentro, na pista de dança, quatro amigas bebem champanhe e conversam animadamente. “Os homens bonitos estão começando a chegar. Daqui a pouco os bangalôs estarão todos ocupados. Aí que fica bom”, diz uma delas.
Taikô é um beach club – nome dado aos bares em plena areia que oferecem serviço exclusivo – que começou na badalada Praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis. Segundo Sandro Mileipe, um dos sócios da casa capixaba, a intenção é reproduzir ali a atmosfera dos verões europeus. Ou seja, ambiente confortável, gente bonita, comida boa e bebida cara com direito a uma esquentadinha do DJ nos fins de tarde. Em tempo: nos beach clubs não se fazem festas ao pôr do sol, mas sunsets parties. “Até o início da tarde o público é mais família. Depois a turma da balada chega tomando champanhe. No sunset, vira uma baladinha”, diz.
A balada acontece até às 21 horas e tem entrada a R$ 50 com direito a desfrutar da estrutura como banheiros, piscina e pista de dança. Mas são nos bangalôs – seis no total – que todos querem ficar. São eles o chamariz. É por eles que grupos desembolsam R$ 2,5 mil, incluso no pacote, algumas garrafas de vodka, uísque e champanhe, e o direito de convidar dez pessoas. É ali que homens gastam R$ 400 na garrafa de champanhe para impressionar.
O clube é na praia, mas esqueça a cerveja. À beira-mar, bebe-se champanhe. No penúltimo sábado (11), foram vendidas 100 garrafas de Moët & Chandon, o refinado champanhe, ao preço de R$ 400 cada, e 150 garrafas de Veuve Clicquot (R$ 350 cada). “A gente vem para se divertir. Mas as mulheres querem ficar no bangalô curtindo com a gente, bebendo champanhe”, diz Jorge, um advogado que prefere não revelar o nome verdadeiro. Enquanto isso lanchas deslizam pelo mar verde que fica em segundo plano. Há quem nem pise na areia.
Champanhe e dress code
Entre uma taça e outra de champanhe é que acontece a paquera no clube que se tornou o “point” do verão. É para lá que vão descolados, turistas, mauricinhos e patricinhas bem antes que a maioria das casas noturnas do balneário abra as portas, por volta da meia noite. Tem menina bem nascida que se libera em cima das cadeiras, menino que tira a roupa de marca e exibe o corpo sarado. As amigas Bruna Salvador, Julia Ambrosin e Mariana Casagrande, de Cachoeiro de Itapemirim, se divertiam num dos camarotes. “O lugar é bacana, mas a gente veio para ver gente bonita. A mesa que tiver mais bebida cara chama mais atenção”, diz a universitária Julia Ambrosin, de 19 anos.
Cinco horas da tarde, um balde com seis garrafas de vodka Ciroc, água e refrigerante. É assim que a engenheira Paula Motta e seis amigos se divertem num dos lounges da casa (são três no total), depois de aproveitarem as férias de final de ano em Miami, Nova York e Bahia. Vestindo short, biquíni e óculos de sol, ela parece não se preocupar muito com o dress code local. “A praia está sempre cheia. Aqui a música é boa e temos espaço. Não dá para se produzir tanto, é praia então prefiro o pé no chão”, diz olhando para o chinelo de borracha que usava.
Paula é uma exceção. As mulheres se produzem muito para aproveitar a festa no final de tarde. O uniforme era o mesmo: short jeans curto, blusa regata de seda e sandália rasteira. Eles usam bermudas e, na maioria das vezes, exibem o corpo sarado. Para ambos, os óculos de sol são indispensáveis.
Enquanto um grupo dança no “chiqueirinho vip” do DJ com acesso exclusivo para convidados, o empresário Rafael Hoffman e a gerente administrativa Mayara Prando observam tudo do camarote. “Eu prefiro aqui a estar na areia da praia. O público é selecionado e o ambiente divertido”, diz ele.
Quer pagar quanto?
É fim de tarde, o sol já se põe na Praia do Morro. É ali que outra parcela de jovens na cidade aproveitam o final do dia no Porto Beach Club, dançando em cima dos bancos de madeira, enquanto soltam gritinhos de “uhu” com o som de deep house. Em tempo, em beach club que se preze, o DJ só toca música eletrônica. Mulheres usam salto alto na beira da praia. Grupos chegam de lancha. E ninguém entra na piscina.
A entrada para as festas de fim de tarde custa R$ 50 para as mulheres e R$ 100 para os homens. Ali tudo é pago. São sete bangalôs ao custo de R$ 2,5 mil cada e 10 mesas que saem a R$ 800 cada. Acostumada a frequentar beach clubs do Rio de Janeiro e da Bahia, a advogada mineira Claudia Leite se divertia num dos bangalôs da casa. “A gente só bebe champanhe. Isso é a cara do verão”. Ali a garrafa do Moët & Chandon Rosé custa R$ 490 e o Veuve Clicquot sai no mínimo por R$ 320. Se você quiser experimentar o espumante Chandon Jeroboam terá que desembolsar R$ 620 pela garrafa.
Enquanto registra inúmeras fotos no iPhone, um jovem de camisa polo e bermuda diz com orgulho: “Da última vez gastei R$ 4 mil. Mulher gosta de beber champanhe, né?”, diz. Histórias de consumo não faltam. Uma das mais lembradas pelos funcionários do Taikô é a de um empresário capixaba que chegou ao clube de helicóptero (desceu num terreno próximo, já que o local não possui heliponto). Entrou e foi direto para um camarote patrocinado por uma cervejaria. Lá dentro, uma banheira de hidromassagem cheia de mulheres. Outros dois empresários, que vieram do Sul do país para fechar negócios, também reservaram um bangalô. Convidadas, bebidas e comida à vontade. A conta? R$ 10 mil. Mais do que relaxar, o importante ali é ver e ser visto.
Por: Guilherme Sillva