Chineses não recebiam por trabalho subumano e eram torturados, diz MPT. Segundo procuradora, foi encontrada carne de cachorro congelada.
Em uma das situações, a vítima era submetida a severos castigos físicos, de acordo com o órgão. Na mesma pastelaria, cachorros que podem ter sido mortos a pauladas foram encontrados congelados, e a suspeita é que eles seriam utilizados no preparo da carne para o recheio de pastéis.
Denúncias
As denúncias foram antecipadas pelo jornal “O Globo”. O primeiro caso chegou ao conhecimento do MPT há dois anos, quando um rapaz foi hospitalizado com queimaduras no corpo. Além de ser obrigado a trabalhar sem remuneração, a vítima era alvo de castigos diários e jornada de trabalho exaustiva em uma pastelaria de Parada de Lucas.
“Ele levava coronhadas e apanhava todos os dias. Os vizinhos ouviam os gritos, mas como não era de socorro, não sabiam do que se tratava. Um dia o patrão jogou uma panela quente nas costas dele. A vizinhança chamou a polícia, e o menino foi hospitalizado”, diz a procuradora.
Além de condições de trabalho degradantes, o rapaz trabalhava das 5h às 23h e cuidava de toda a produção da pastelaria. Quando demonstrava exaustão, era submetido aos castigos. De acordo com a procuradora, o local onde o chinês foi encontrado é assustador.
“Aquela foi a pior semana da minha vida. É um lugar horrível, a pior situação a que um ser humano pode ser submetido. Dá muita indignação saber que ele era torturado diariamente”, lamentou Guadalupe.
O rapaz vítima das agressões foi colocado no programa de Proteção à Testemunha, pois o MPT teme que ele seja alvo da quadrilha responsável pela vinda desses chineses para o Brasil.
Outras duas pastelarias são alvo de investigação
Outras duas pastelarias também são alvos de investigação do MPT. Nos locais, quatro chineses eram submetidos a trabalho forçado e sem remuneração, mas nenhum era vítima de castigo físico.
De acordo com o Ministério Público, os chineses eram pegos no aeroporto e levados para as pastelarias, onde não tinham contato com outras pessoas.
Os três trabalhadores encontrados em outra pastelaria serão contratados pelo proprietário do estabelecimento e passarão a trabalhar com carteira assinada.
De acordo com a procuradora, é fundamental que a sociedade de sensibilize com esses casos e denuncie sempre que suspeitar de situações parecidas.
Ainda segundo a procuradora, o fato de não saberem o idioma local os deixa em situação de vulnerabilidade. “Além de não falar nossa língua, eles ainda tinham os documentos apreendidos. Eles entram no aeroporto como turistas, ali alguém os apanha e são levados para as pastelarias”, afirmou a procuradora.
Fonte: G1