O clima começou tenso na porta do Fórum de Conselheiro Pena, muitas pessoas queriam assistir ao julgamento de Gil e Andréia. A família e amigos vieram com faixas e blusas estampadas com o rosto de André Brant pedindo justiça.
Gil entrou por traz do Fórum para sua segurança, vestido com uniforme vermelho do sistema prisional, onde lá dentro trocou de roupa para ser julgado.
Foram distribuídas 18 senhas para a família de Gil e André, o restante para pessoas que requereram o direito de assistir o julgamento como advogado, estudantes de Direito e para os moradores da cidade.
Gil ficou sentado na segunda cadeira da primeira fila de frente para o juiz e de costas para o público que acompanhava o julgamento. Gil estava visivelmente mais magro.
A primeira testemunha do caso a ser ouvida foi o delegado Leonardo que presidiu o inquérito na época do crime. Disse que já tinha ouvido falar do suposto envolvimento do policial civil com a agente, mas que não tinha certeza, pois não ouvira da boca de nenhum dos dois. Ele manuseou uma arma ponto 40 mostrando o funcionamento e como destravava uma arma. Falou que André estava de sobreaviso naquela noite. Disse ainda que André era acostumado
a manusear a arma e dar manutenção na sua e na dos seus colegas.
O segundo a depor foi o médico legista de Governador Valadares que suspeitou que o primeiro laudo estava errado, onde juntamente com o delegado fizeram o pedido da exumação do corpo de André para melhores esclarecimentos. André teve duas perfurações de projétil de arma de fogo calibre 22 de longa distância. Um projétil penetrou abaixo das axilas do lado direito para o esquerdo, de cima para baixo, e no peito de cima para baixo. André levou duas facadas, uma com corte superficial e outra que entrou lateralmente da esquerda para a direita atingindo seu coração. O terceiro e quarto dedo da mão direita também tinha sinais de escoriações, mas o médico legista disse que não poderia afirmar se essas lesões seriam pós-morte ou entre vida.
Foram ouvidas mais duas testemunhas do caso que afirmaram que estavam viajando com Gil para Rondônia e que o mesmo não havia reclamado de possível crise conjugal.
“Gil estava tranquilo”. Falaram de todo o trajeto da volta para casa, paradas e telefonemas. Gil foi o último a depor.
Depoimento
Gil contou ao juiz que na volta para casa, chegando em Conselheiro Pena ligou para a amasiada e perguntou onde ela estava, a mesma disse que estava em casa, cansada e que iria dormir. Gil foi direito para a casa de sua irmã porque era aniversário de seu filho. Chegando na porta da casa da irmã ligou mais uma vez para Andreia, e esta, afirmou que estava em casa e que a bateria do celular estava descarregando e desligou. Gil avisou ao filho que iria em casa buscar Andreia e que voltaria para passear com ele. Chegando em casa, Gil ligou às 23:20h para o telefone fixo, mas Andreia não atendeu. Como não havia encontrado suas chaves, pulou o portão e foi em direção a porta da sala que estava fechada. Olhou pela janela viu a televisão ligada e a porta da cozinha aberta. Foi onde deu a volta na casa para entrar. Quando Gil adentrou pela porta, escutou gemidos e tapas vindos do quarto, voltou até a cozinha pegou uma faca. Quando lembrou da flop que havia no quarto de visitas ao lado do seu, e foi pegá-la.
Às 23:23 Gil efetuou uma nova chamada para o telefone fixo da casa e percebeu que esse mesmo estava arrancado da parede.
Enquanto Gil estava viajando Andréia fez varias ligações para ele falando que estava com medo de ficar em casa sozinha porque seu vizinho tinha procurado ela para falar de uma situação envolvendo o filho mais novo de Gil e a filha do vizinho, e o mesmo tinha passagem pela polícia. Daí Gil pensou que o barulho que vinha do quarto pudesse ser o vizinho fazendo mal a Andréia, foi quando teve a iniciativa de ir em direção ao quarto, e abrindo a porta e ligando a luz imediatamente ele viu André e Andreia mantendo relações sexuais.
De acordo com Gil, no susto, Andreia pulou para o lado da cama e André para o outro pegando sua arma para desferir um tiro contra Gil e Gil lhe desferiu um tiro no peito..André virou-se imediatamente para traz e voltando a se levantar a sua ponto 40 em direção a Gil que tentou disparar contra a vítima mas como a arma havia travado, Gil não sabia se tinha desferido mais alguma bala…
Gil afirma que entrou em luta corporal para desarmar André batendo com sua mão na parede. Gil afirmou que André estava ganhando a briga, foi quando se lembrou da faca e desferiu o golpe no rapaz que caiu desfalecido. Gil afirmou que Andreia o convenceu a se desfazer do corpo, falando que havia uma festa em Galiléia (cidade vizinha) e que poderiam jogá-lo por lá…
Gil se lembrou da lagoa e resolveu jogar o corpo do rapaz lá.
Depois de esclarecer todas as dúvidas do juiz, começaram os debates.
O Promotor de Justiça alegou que Gil matou por ciúmes e que não houve legitima defesa e pediu a condenação de Gil por homicídio duplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual e pediu a condenação de Andreia por ocultação de cadáver e fraude processual.
Dr. Fabrine, advogado de defesa, sustentou a tese de legitima defesa, pois Gil se deparou com o amante de sua mulher dentro da sua casa, no seu quarto, armado e que este só não atirou em Gil porque não havia bala na agulha e que Brant não havia conseguido fazer a manobra para executá-lo. Fabrine pediu a absolvição de Gil pelo homicídio pois Gil havia agido em sua legitima defesa. E pediu a condenação pela ocultação de cadáver.
DECISÃO
Os jurados decidiram a condenação de Gil por homicídio simples. O Juiz de Direito Roberto Apolinário deu a sentença: 9 anos e 6 meses de prisão, sendo que 1 ano já fora cumprido em regime fechado. E Andréia Santos, que não compareceu ao julgamento e foi representada pelo seu advogado, foi condenada a 3 anos de prisão em regime aberto com pagamento de multa.
Após isso o Gil foi levado novamente para o presídio em Governador Valadares.
Observação: Este órgão de imprensa – CPAgito, simplesmente vem expor os fatos que realmente aconteceram no salão do júri sem expressar e tomar qualquer partido dos fatos e da decisão da justiça.