Durante toda a semana o que se ouviu pelas ruas, redes sociais, internet, rádio, foi sobre o fechamento ou não do Hospital Evangélico de Mantena. Diante dos acontecimentos, a equipe do Informe Leste, mostrando lisura e responsabilidade no que posta, especialmente em respeito aos nossos leitores, estivemos entrevistando o Promotor de Justiça Dr. Evandro Ventura, o prefeito municipal de Mantena Wanderson Coelho, vereadores, pastores e direção do Hospital Evangélico de Mantena, para tentar explicar o que realmente aconteceu sobre a Rede de Urgência e Emergência, que antes estava no Hospital Evangélico de Mantena e agora foi para o Hospital São Vicente de Paulo.
Em conversa com o Promotor de Justiça. Dr. Evandro Ventura, diga-se de passagem, que sempre que o procuramos fomos muito bem recebidos, ele informou que já vem acompanhando sobre a questão da Saúde Pública, especialmente sobre os hospitais da cidade há tempo, sempre tentando resolver cada pendência. Em especial sobre a rede de urgência e emergência, Ventura nos informou que realmente sim foi publicado no Diário Oficial, do dia 19 de março de 2014, Resolução da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, onde informou-se que o Hospital Evangélico de Mantena seria a instituição referência para este atendimento e que receberia o incentivo financeiro no importe de R$100 mil reais mensais para prestar o serviço.
Durante os 5 últimos meses, a direção do Hospital Evangélico procurou o Ministério Público, enviando ofício informando que a verba mensal de R$100.000,00 não estava sendo repassada pelo município de Mantena para aquela instituição como deveria ser. Diante dos fatos, o Ministério Público instaurou Inquérito Civil para apurar se houve ausência de repasse de verbas para o custeio do atendimento de urgência e emergência no Hospital Evangélico de Mantena.
Tanto a prefeitura municipal quanto a Secretaria de Saúde enviaram documentos respondendo ao Ministério Público sobre os recursos. Segundo documento enviado pela Secretaria de Estado da Saúde SES, os recursos estavam disponíveis desde março deste ano, mas precisaria da assinatura do gestor, no caso do prefeito, e do secretário de saúde para que tal importância pudesse ingressar nos cofres do hospital. Pela prefeitura o dinheiro não foi repassado, tendo em vista que não havia sido comprovado que o hospital escolhido seria o Evangélico. Desta forma o dinheiro foi devolvido aos cofres do Estado.
Dr. Evandro disse que o importante é apurar onde o recurso será aplicado, independentemente de qual hospital for o escolhido, fato é que a população mais carente não pode ser prejudicada, e o MP irá continuará investigando, apurando denúncias, e em sendo o Hospital São Vicente a instituição de referência de urgência e emergência, iremos acompanhar, para que todos os procedimentos sejam realizados e a população atendida.
PREFEITO DR. WANDERSON COELHO
Em conversa com o Dr. Wanderson Coelho em seu gabinete, no final da tarde da última quinta-feira, 14, após sua entrevista na rádio Sim, o prefeito informou que Mantena foi privilegiada por ser pólo de micro, com o convênio de implantação da Rede de Resposta de Urgência e Emergência, e, com isso, também o SAMU Móvel e o incentivo de R$100.000,00 mensais para o hospital.
Wanderson explicou que em março participou da reunião que definiria qual o hospital seria o escolhido para esta rede, e de acordo com ele, os dois hospitais Evangélico e São Vicente, haviam pleiteado a vaga, e como não houve acordo, a decisão se protelou. De acordo com o prefeito, nesta reunião em BH, não foi definido qual seria o hospital, e sim as vocações de cada um, e não houve nenhuma ATA, não se fazendo constar então em nenhum documento a decisão oficial.
“Desde que assumi a prefeitura, eu via a desigualdade financeira entre os dois hospitais, sempre o HE ganhando tudo e o SVP não tinha nada. E falei no palanque que queria trabalhar com as duas instituições. E o que vem acontecendo não é de agora não, vem de 4 mandatos, e isso precisava acabar, e minha intenção era acabar como o desequilíbrio financeiro entre os dois. Minha intenção não é política e nem religiosa. Foram 4 mandatos seguidos onde Mantena perdeu sua identidade da micro. Depois que assumi a administração, tive problemas com o PA, que era por conta do Hospital Evangélico a gestão e ficou a mercê, com falta de médicos, maus tratos, funcionários maltratando usuários, fora médicos que trabalhavam lá e quando o paciente precisava ser internado o mesmo médico cobrava consulta particular para internar, conforme informou alguns sites”, disse Dr. Wanderson.
A GRS fez um levantamento da série histórica dos dois hospitais e eles trabalharam iguais, os valores são os mesmos. O Evangélico recebeu o dinheiro e não prestou o serviço, porque todas as cidades pertencentes da micro reclamaram e por isso tomei a atitude de visitar cada prefeito e cada secretário de saúde para apoiar o Hospital São Vicente e dei a minha palavra que eles serão todos atendidos.
Dr. Wanderson disse que propôs aos dois hospitais serem SUS 100%, sobreviver do Estado e da prefeitura e somente o SVP aceitou. Disse que investirá na saúde, talvez seja loucura, mas que vai conseguir. Sobre a subvenção aprovada pelos vereadores de 100 mil reais para o SVP, ele informou que foi correto e que agora o desequilíbrio financeiro fica acertado e que o SVP é parceiro da prefeitura.
Indagado sobre a falta de médico no PA e a demora no atendimento da ambulância para prestar socorro, o prefeito disse que o problema é na troca de plantão, e ai fica por algumas horas descoberto, mas que já foi resolvido o problema. Informou ainda que com o SAMU, o problema da ambulância também será sanado, mas enquanto não for implantado o serviço, a população pode ligar para o PA que a ambulância está a disposição de plantão com o motorista para socorrer a qualquer momento.
Sobre a subvenção do Evangélico, o prefeito disse: Se o hospital corresponder eu repasso, mas tem que de estar em consonância com os serviços prestados. “Eu não vou fechar o Evangélico, ele só fecha por causa da má gestão, por incompetência administrativa. Médico, pastor, não sabe administrar um hospital, é preciso uma equipe séria e capacitada”.
Encerrando, o prefeito disse que os R$ 500,00 mil não existem, o dinheiro não foi repassado para a prefeitura de Mantena. O Estado deixou claro que perdemos este dinheiro e que o HE foi avisado. E que agora a partir de agosto a Porta de Urgência e Emergência será no Hospital São Vicente, que prestará um excelente atendimento a toda população de Mantena e da microrregião.
Ouça na íntegra a entrevista do prefeito municipal na rádio SIM FM.
DIREÇÃO DO HOSPITAL EVANGÉLICO
A direção do Hospital Evangélico recebeu nossa equipe na manhã da sexta-feira e também explicou sobre a situação da instituição e rebateu sobre a entrevista dada pelo prefeito Wanderson na rádio Sim.
O presidente do HE, pastor José Antônio, acompanhado do vice-presidente Pastor Lusmar e da gerente executiva Neli, disse que ficou surpreendido quanto a fala do prefeito, principalmente quando este acusou e colocou a culpa na oposição, mencionando que a oposição teria disseminado mentiras falando que o hospital iria fechar por sua culpa.
Pastor disse que a diretoria e os pastores não são politiqueiros, que a diretoria é composta de homens que têm compromisso com a verdade, que não tem vínculo com nenhum partido, mas que tem suas convicções políticas pautada na palavra de Deus.
Perguntado sobre se o prefeito havia procurado a diretoria para conversar sobre a questão do Hospital Evangélico, quando assumiu a prefeitura, José Antonio explicou que foram realizadas duas reuniões: uma no dia 28 de dezembro de 2012, no próprio hospital, momento em que o pastor Lusmar se encontrava presidente, e quando também foi apresentado todo o corpo clinico, e também se discutiu sobre a contratação dos médicos do PA para janeiro de 2013, uma vez que a prefeitura mantinha 4 médicos concursados e 3 contratados prestando serviço.
A outra reunião aconteceu na Igreja Presbiteriana de Mantena, a qual contou com a presença do prefeito Wanderson, vice-prefeito Moacir Batista, Secretário de Saúde Dr. Betinho Jório, pastor José Geraldo, Sr. Ademir Balmant e a gerente executiva Neli. “Na oportunidade dissemos que estávamos dispostos a continuar trabalhando e prontos para atendê-los e indaguei se o prefeito tinha algum problema com o hospital alguma aresta para resolver e ele disse que não, e que continuariam parceiros”, disse José Antônio.
José Antônio ainda disse que os pastores pediram para se reunir com o prefeito municipal, reunião esta que caso ocorresse, seria intermediada pelo pastor Luiz Fabiano da Igreja Adventista, instituição na o qual o prefeito congrega. Naquela data, tomou-se conhecimento de que o prefeito não poderia se reunir, marcando então uma próxima data, impondo porém, que não queria que os pastores Lusmar, Hélio Correa, Raulito Pedro e Tiago Miller participassem da reunião, em resumo remarcou a reunião, mas pediu que quatro pastores não fossem convidados e que não se fizessem presentes. José Antônio então deixou bem claro ao prefeito que não aceitaria se reunir somente com alguns, e sim, que a reunião ocorreria sem problemas se caso todos pudessem participar, “pois todos nós visamos o bem da comunidade”, finalizou José Antônio em relação à condição imposta pelo prefeito.
Sobre a Rede de Urgência e Emergência, a gerente executiva Neli disse que o HE não pleiteou a vaga, e sim o hospital foi promovido pelo Estado passando do Nivel 4 para o nível 3, por ter conseguido melhor desempenho nos atendimentos prestados, e por isso, por este motivo e não outro, é que foram contemplados.
Portanto na reunião no dia 7 de março em BH, onde participou o prefeito municipal, o Promotor Dr. Evandro Ventura, diretoria dos dois hospitais, depois de quase 3 horas de reunião ficou estabelecido pela Secretaria de Estado de Saúde, que o Hospital Evangélico seria a entidade apta para prestar os serviços, e que deveriam fazer a contratação dos médicos para receber o incentivo financeiro de R$100 mil reais mensal. Sendo que foi publicado no Diário Oficial a RESOLUÇÃO SES/MG Nº4.241, DE 19 DE MARÇO DE 2014, constituindo o Hospital Evangélico como sendo a Rede de Resposta Hospitalar às Urgências e Emergências, recebendo o valor mensal de R$100 mil reais, conforme documento abaixo:
E por surpresa, na reunião do último dia 7 de agosto em GV, o comitê gestor se reuniu com toda a micro e os representantes das duas instituições, onde o prefeito se fez presente e falou em todo o tempo em nome do hospital São Vicente, pedindo para que a Porta de urgência fosse para a instituição, uma vez que o SVP é parceiro da prefeitura e que iria atender toda a micro, e que já havia passado a subvenção de 100mil para o hospital, e que se fosse preciso repassaria mais.
Mesmo a Vigilância Sanitária e outros, atestando que apesar do Hospital Evangélico ter a melhor infra-estrutura, melhores equipamentos, centro cirúrgico novo, não poderia ser escolhido, pois o prefeito Wanderson disse que não iria apoiar o Evangélico, como ele pediu a todos os secretários para não olhar a parte técnica e escolher o São Vicente, e mesmo apontando a favor os dados técnicos, prevaleceu a parte política da questão, disse Jaqueline.
Sobre a aceitação de ser SUS 100% , proposto pelo prefeito, o pastor José Antônio informou que o hospital tem um conselho deliberativo que tomas as decisões, e que além de não permitir o estatuto, o hospital seria regido pelo CONSONORTE num contrato de 20 anos e teríamos que toda a diretoria afastar. Outra coisa, atenderíamos só o SUS? E o resto? Temos um documento em anexo, do parecer da FEDERASSNTAS não concordando com tal proposta.
Perguntado sobre o que a prefeitura investe no hospital o pastor foi enfático em dizer: NESTA GESTÃO NENHUM SERVIÇO DE EXAMES E LABORATÓRIO FOI PRESTADO PELO HOSPITAL PARA A PREFEITURA E NENHUM CENTAVO OU REAL INVESTIDO. O PREFEITO NÃO QUIS QUE PRESTÁSSEMOS OS SERVIÇOS.
Afirmo que o Hospital Evangélico não vai fechar, mas não vai fechar porque o dr. Wanderson falou na rádio, não vai fechar porque cremos no Deus Vivo, que o hospital não é só um empreendimento, mas é obra do Senhor. Temos convicção daquilo que estamos fazendo, somos responsáveis e o hospital é mal gerido, sua diretoria não é incompetente como disse o prefeito, o hospital nunca foi tão bem administrado com pessoas capazes especialistas em gestão hospitalar para realizar os serviços. Precisamos ser respeitados, temos pessoas competentes ao nosso lado que visam não a política, não a religião e sim o cuidado e a responsabilidade com o povo mantenense, disse Jose Antônio.
Nosso intuito é informar com transparência a população a realidade dos fatos, ficando a cargo de cada um a própria compreensão dos fatos.
Ouça a entrevista completa dos pastores e direção do Hospital Evangélico na Rádio Lider
Veja alguns documentos:
RESOLUÇÃO PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL
OFICIOS DOS PREFEITOS E SECRETÁRIOS DE SAÚDE
PARECER DA FEDERASSANTAS