O drama da adolescente Kamila de Souza, 17 anos, que teve o bebê morto trocado no hospital está longe de acabar. A criança nasceu morta no dia 28 de fevereiro, mas até esta quinta-feira (7), 9 dias depois, a adolescente não conseguiu enterrar o filho porque o corpo do bebê desapareceu do necrotério do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim.
Segundo a avó de uma das crianças, Fabiana Avelar, um erro no hospital provocou a troca de bebês que já estavam mortos e, com isso, ela enterrou uma criança desconhecida pensando ser seu neto. “Queria fazer um enterro digno para o meu neto, tanto que perguntei ao doutor e ele disse que eu poderia, porque o feto estava formadinho. No outro dia, falaram que houve um erro do hospital que precisaria ser consertado. É mole? Você enterra uma criança achando que era seu neto e no outro dia vai saber que seu neto não teve aquele enterro digno”.
A família registrou queixa no Departamento de Polícia Judiciária de Cachoeiro, e o caso foi encaminhado e será investigado pela Delegacia de Infrações Penais e Outras (Dipo). “Não há ainda indícios de crime. Os responsáveis pelo hospital vão ser intimados para prestar esclarecimentos sobre os fatos, mas nada impede que as famílias procurem a vara cível para entrar com um processo de danos morais contra o hospital”, explicou o delegado Eduardo Coelho.
A mãe deu à luz ao bebê no Evangélico, após uma gestação de seis meses. No mesmo dia, outra criança também nasceu morta, uma menina. A mãe dessa criança também estava com seis meses de gravidez. Os bebês foram levados para o necrotério do hospital, identificados e encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade. De acordo com as famílias das crianças, o hospital trocou os bebês.
Kamila, a mãe de um dos bebês, disse que a direção do hospital tentou entregar a ela outra criança dizendo que se tratava do filho dela. “Ligaram-me pedindo para ir ao hospital dizendo que havia um erro. Cheguei lá e eles tentaram me entregar um feto ainda em formação, mas aquele não era o meu bebê. Meu filho estava com seis meses e já estava todo formado, tinha braços e pernas, o que tentou me empurrar nem de longe se parecia com um bebê”, relatou.
Enquanto isso, a família da outra criança morta ficou sabendo do equívoco. “Um funcionário da funerária foi quem entrou em contato comigo e disse que o corpo da minha filha tinha sido entregue à outra família”, disse o pai da criança, que pediu para não ser identificado.
Kamila de Souza afirmou à reportagem que o corpo do filho dela continuava no hospital, e que a criança sepultada pela outra família, é um terceiro bebê, que estava há mais de 20 dias no Instituto Médico Legal (IML).
“O neném da minha sobrinha ainda não foi encontrado, acredito que ele tenha sido levado junto com outros fetos para uma faculdade de medicina aqui de Cachoeiro. Até no lixo eles procuraram pelo corpo do meu sobrinho. Queremos justiça e o direito de dar um enterro digno ao bebê”, exige Rosemar.
O corpo do terceiro bebê voltou para o IML e permanece esperando pela identificação da família.