Os militares foram obrigados a fazer uma corrente humana, com os braços, por onde o choque se propagou. Soldados passaram mal
Policiais militares da Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam) foram submetidos a choques elétricos, provenientes de testes de armas não letais, durante um treinamento de readaptação na Academia da Polícia Militar, em Cariacica, no mês de março.
Um vídeo do treinamento foi divulgado por um soldado da Rotam, que participou da ação, mas prefere não ser identificado, com medo de sofrer represálias. Alguns dos policiais que participaram do polêmico treinamento não voltaram a trabalhar no dia seguinte devido ao choque e ao estado psicológico.
Os militares foram obrigados a fazer uma corrente humana, com os braços, por onde o choque se propagou. No vídeo, os homens que ficam nas pontas são conectados a fios elétricos, que por sua vez estão ligados a um pistola de choque de um comandante do Batalhão. Ao disparar a arma, o choque é lançado. Os policiais são jogados para trás, devido à força da descarga elétrica.
Aos 20 segundos do vídeo, é possível observar que uma mulher participa da sessão. Ela tenta desistir, mas é obrigada pelo comandante do treinamento a voltar, se posicionar junto aos demais e tomar o choque.
Já no minuto 01:33, um homem que está conectado aos fios, do lado esquerdo, passa mal após o choque e diz estar com problemas na coluna. Ele continua afastado. (Veja vídeo abaixo)
Choques estão previstos no plano de treinamento
O comandante da Polícia Militar do Espírito Santo, Ronalt Willian, afirmou que o procedimento é normal e que as pessoas estavam ali voluntariamente.
“Esta instrução estava programada (no treinamento). As pessoas que estavam ali foram voluntárias para receber aquele choque, ou seja, se colocaram à disposição a recebê-lo. E o que pode ter acontecido, aquela pessoa que passou mal, algum problema pré-existente que aquele policial militar já possuía, e provavelmente potencializado pela descarga daquela arma elétrica”, afirma.
Questionado se era um procedimento normal, o comandante afirmou que “não há problema algum com o procedimento. É uma instrução que foi e deve ser seguida por aqueles que utilizam os equipamentos não letais e os letais, como é o caso das armas comuns”.
Ronalt frisou, ainda, que o propósito do treinamento é “testar as armas e principalmente habilitar aquelas pessoas que utilizam, para que até mesmo saibam dos sintomas e das consequências que podem advir do uso errado desse armamento”.