Aos 22 anos, o atacante Luan realizou o sonho que teve ainda nos tempos em que deu os primeiros chutes em São Miguel dos Campos, Alagoas, cidade onde nasceu. Depois de um bom Brasileiro pela Ponte Preta, em 2012, chegou a um clube grande, como gosta de se referir ao Atlético-MG e, desde então, vem ganhando a confiança de Cuca, além do carinho da torcida, que já o adotou como xodó. E ele não é o xodó apenas dos torcedores, mas também dos companheiros de clube. O jeito elétrico e meio amalucado nos treinos e em campo faz com que a lista de apelidos não pare de crescer. Luan já é conhecido como Da Massa, Liminha e Louco, mas as explicações para cada um deles nem sempre são claras, como ele mesmo reconhece.
– A história de ser chamado de Da Massa veio do Réver. Fui abraçado pela torcida e gritaram meu nome contra o São Paulo e em outros jogos. Aí, um dia, na academia, ele veio me zoar: “O Da Massa chegou”, e começou a brincar pelo meu jeito de pedir apoio da torcida. Depois veio o Ronaldinho e já chegou perguntando: “Como está o Liminha?”, isso depois do jogo que bati a cabeça (contra o Guarani-MG), só que até hoje não entendi nada, mas está valendo, o Ronaldo é um ídolo meu. Já o Tardelli me chama de Louco porque vomitei, mas foi uma vez só, por causa da ansiedade de um jogo, e isso é normal, a adrenalina sobe.
O jeito extrovertido do jogador explica esse carinho recebido dos companheiros e também da torcida. E a recíproca é verdadeira, principalmente quando o assunto são os torcedores atleticanos. Ainda quando estava na Ponte, o jogador relembra a primeira vez em que esteve no Independência, sem ainda imaginar que poderia ter o nome gritado pela massa alvinegra.
– Quando vim jogar contra o Galo aqui fiquei até feliz. Comecei a cantar no banco “Galo forte e vingador”, e o Luquinha falou, “Pô, Luan, está ficando louco? O treinador está aí”. Mas eu falei, “Olha aí que torcida fera, e comecei a cantar no banco”. No intervalo fui lá e dei um abraço no Ronaldinho e disse que era fã, que via jogar na TV e no dia estava vendo de perto.
Mas felicidade mesmo veio quando o atacante recebeu a ligação do empresário. Segundo Luan, ele não pensou duas vezes antes de acertar com o Atlético-MG, para alegria da esposa e dos primos.
– Recebi a ligação do meu empresário perguntando se poderia acertar e eu não pensei duas vezes. Sei da história do Galo, que a torcida está carente de um título importante, mas vi os jogadores daqui, jogar ao lado de Ronaldinho Gaúcho, Bernard, Réver, depois veio o Tardelli e tantos outros consagrados. Pensei que tenho que fazer história aqui também. Fui bem recebido, me identifiquei e a torcida me abraçou. Meus primos, que moram em Delta (interior de Minas) me ligaram, foi aquela euforia, minha esposa também ficou feliz.
Lado família
– Esse meu primo (Samir) sempre me ajudou conversando, me incentivando, me dando conselho, ele e o marrento do Gessé. Não tive pai, a minha mãe e minha avó foram as pessoas que me criaram, e minha avó foi embora cedo, se estivesse aqui estaria feliz. Sinto falta de não ter um pai e uma mãe perto, e as pessoas que mais me incentivaram foram meus primos, Samir e Gessé. Daí fica aquela saudade de três anos sem ver a mãe, sem conhecer o pai. No começo foi difícil, mas tinha aquela fé de crescer. Depois conheci minha esposa, que me deu suporte, eu tinha uma cabeça meio fraquinha, não conhecia cidade grande, em Sorocaba fiz coisas erradas, mas ela me ajudou.
Só que a “cabeça fraquinha” se acertou apenas fora dos gramados, já que dentro Luan continua com o estilo maluco. As comemorações nos gols de domingo, contra o Boa Esporte, mostram bem isso. Ele até revela um puxão de orelha de Jô na hora de vibrar com o segundo gol.